O caldeirão
Aos sessenta anos-sonhos de tua
vida (portas
que se abrem e fecham
fecham e abrem
carcomidas)
ferve
a gordura e as unhas das palavras
seu licor umbroso, teus remorsos-pêlos
Ferve
e entorna o caldo, quebra o
caldeirão
e enterra
teu faisão de jade do futuro
teu mavioso osso do passado
Agora que a madeira e o fogo de
novo se combinam
e o inimigo nº 1 já não te enxerga
ou vai-se embora
varre a tua cabana e expõe ao sol tua língua
tua esperança tíbia
o tigre da Coréia da parede
É lícito tomar agora a
concubina
E despentear na cama a lua escura, o ideograma
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