Navegar por mim
A Lais
O que (tão nu) a mão impura
apaga de meus olhos
O que só as folhas do meu livro em branco vêem
vindo dos teus seios desde o começo tristes
O que só os meus ouvidos ouvem quando os amantes cansam saciados
ou o que eles calam e perdem no nevoeiro
O que a festa do teu vestido
branco caindo
equilibra na intensão do escuro
O que me vê e não (o) vejo e dialogamos
- meus olhos ferozmente encarcerados
O que afinal não tem
importância mas assusta os pássaros
e tua enternecida eternecente navegação por mim
Ou isto
- o que não veio
com o ciciante silêncio desta noite
com o abrir-se a porta
com o favor do outono
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