H'era
          
A Sylvia e Benedito

E verde eras - fomos
                               hera num muro
cantochorado pelo vento
que envolvia tudo - o verde -
embora o verde às vezes de haver se ressentisse
no olhar de quem
                            além
                                      a gente amava ave.

Éramos
             e perdurávamos
avos do ser estando em dia a carne
para o pacto-pasto das raízes,
um rio-sim manando milhas
de sonhos-ervas, grãos
de sêmen solto amanhecente - o sol
                                              a sombra
                                              a relva.

E se era inverno, o verde sido,
um não-sim, um eco
ainda assim se condizia
no próprio coração dos que no leito amando

agora se desamam
ou se desdizem - h'era
                                  amor tecido contra um muro.


Koan
                                  

A pá nas minhas mãos vazias *

Não a pá de ser
mas a de estar, sendo pá
lavra no vento
nuvem-poema
arco
busco-te-em-mim dentro dum lago
max
eKOÃdo * *
e a face ex-garça-se verdemusgo
muda

(Quem com ferro fere
o canto-chão
infere o
silen
cioso
poço?)

pá!
Cavo esta terra - busco num fosso
FODO-A
agudo osso
oco
flauta de barro
sôo?

    Silentes os sulcos se fecham
espelhos turvam-se
e cavo sou
a pá nas minhas mãos vazias


Gêmeo


No sofrer ou no regalo - alo!
o lado alado, barco zarpando, indo
do Cabo Não e para
um destino de bandeiras
negras de piratas perseguindo-me.

                         E

se às vezes me inauguro em praias solitárias,
sagitário inútil sou, gêmeo sendo (e só)
da gema do poema, prisioneiro
de meu próprio ovo e outro.