"(...) o grande tema da peça é o Amor, inspirada livremente na obra de Villa Lobos, partindo, desse fio condutor, para outras áreas do relacionamento humano, para solidão, para a fuga do tempo, enfatizando a violência que permeia essas relações. A técnica dramática apresenta uma combinação de ações aparentemente naturais, mas que exploram rápidas mudanças de ritmos e explosão de emoções, que transformam movimentos e os gestos, e onde a repetição leva à exaustão do corpo. A ausência da palavra privilegia o sentimento ressaltando no espetáculo momentos de fortes registros emocionais (...)"

Luzia Miranda Álvares

"(...) Breve Concerto do Tempo é uma das montagens mais bem sucedidas nos últimos tempos em Belém (...) é a tradução literal do trabalho de Miguel Santa Brígida, que fala do amor, da dor, da morte e do ciclo incessante da vida. A dinâmica da encenação leva o público ao grande choque, é ver pra crer (...)"

Rose Silveira

A ausência de texto e a permanência da música joga os atores à beira de um abismo desafiador: o corpo. Porque quando o corpo é a expressão, funciona como condutor de inquietações que trazem para o visivel esta espécie de geografia confusa da alma - o que nos coloca frente a frente com nossas próprias ilusões.

Para além do que o espectador revela, o que mais interessa no momento em que se assiste é tentar saber o que move as paixões, o desespero, o passional. Sob uma tenda, entre tochas e figurinos cuidadosamente elaborados, um triângulo amoroso se desenrola, onde o ciúme mordaz se projeta entre os amantes de forma trágica, dramática.

A música de Piazzola surge ao fundo. No inicio, é de uma timidez cativante, mais tarde será o corte, o drama, a beleza. Tudo pronto para o que vai acontecer no mágico espaço de 30 minutos.

Kill Abreu

"Relicário" é o espetáculo que mostra, concretamente, que a linguagem experimental criada pela Atores Contemporâneos está absorvida. (...) Há muito mais o que dizer. O universo feminino exposto com alguma crueldade em estereótipos de mãe, matriarca, menina, solitária. A morte, sempre sussurrada nos ouvidos, olhos, toque e sentidos dos personagens. Todas as coisas acontecem ao mesmo tempo, todos os universos se tocam em cena, se chocam, se confundem, mergulhando a plateia em suas próprias memórias e referências de humanidade. Se a Companhia marca sua assinatura de linguagem com este espetáculo, também demonstra que nada é tão definitivo. É a partir de "Relicário" que as novidades virão."

Ana Carina Santos