O PoemaO Poema

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Robert Creeley
, nasceu em 1926, em Arlington, Massachusetts sendo considerado um dos maiores poetas americanos da atualidade.
Para Allen Ginsberg:

"Creeley criou um corpo rico de poemas que amplia o trabalho de seus predecessores Ezra Pound, W.C.Williams, Louis Zukofsky e Charles Olson e que tem - como o deles - um método para explorar a nova consciência poética americana."

 


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Casca, 1953

O Campo do
Desassossego, 1956

Paracéu, 1968

A Terra Ereta, 1972

Sal Lupino, 1975

Carne Viva, 1975

A Casa no Meio
do Caminho, 1975

Corte, 1981

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"A expressão fazer nada é muito positiva em inglês e indica ação de fazer nada. Então, mesmo no nada, nós criamos a ação de fazer o nada. Como se a necessidade de fazer nada preenchesse esse vazio. Há um medo muito grande, hoje, de não se conseguir preencher, com o externo, o que temos internamente."
§
"Dentro das duas tendências que acabaram polarizando a poesia americana, (make it classic ou make it new) vejo-me muito mais propenso a não chegar ao clássico mais adequado, mas a tentar chegar ao novo."
§
"Ao novo eu procuro chegar respondendo à questão que me coloco a cada passo: é isso mesmo que você quer dizer? é isso mesmo que você sente? Ou seja, procuro a validação emocional para aquilo que eu faço."

 

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Robert Creeley - 1953 (foto: Jonathan Williams)
Robert Creeley

Robert Creeley

Robert Creeley
Robert Creeley
Robert Creeley
Robert Creeley
Robert Creeley
Robert Creeley  - (foto: Michael Romanos)
Robert Creeley
Robert Creeley
Robert Creeley

A FLOR

Penso que cultivo tensões
como flores
num bosque onde
ninguém vai.

Cada ferida — perfeita —,
fecha-se numa minúscula imperceptível pétala,
causando dor.

Dor é uma flor como aquela,
como esta,
como aquela,
como esta.

(tradução: Régis Bonvicino)

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LUZ DO SOL

Olhe para a luz
entre as luzes

à noite com as luzes a-
cesas no quarto você está

sentado só de novo com
a luz acesa tentando ainda

dormir mas o tédio
e o cansaço de esperar até tarde

da noite pensando em alguma
estúpida simples luz do sol.

(tradução: Régis Bonvicino)

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PARA W.C.W

O prazer do sentido guarda
um vago aroma

A erva-dedal (não vista) a
flor selvagem

Muitas coisas chegam
às mãos. Em tempos difíceis -

júbilo selvagem.

(tradução: Régis Bonvicino)

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A CASA

para Louis Zukoftky

Barro
sobre barro,
erguido
para um espaço,

casa
cava,
e a noite
mais fria.

Para dormir
dentro, vi-
ver dentro li-
vrar-se do calor,

toda forma derivada
dessa,
construída com isso na
cabeça.

.(tradução: Régis Bonvicino)

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A LINGUAGEM

Perceba Eu
te amo algum
lugar en-

tre dentes e
olhos, morda
mas

tome cuidado
para não ferir,
você tão

pouco quer tan-
to. Palavras
dizem tudo.

Eu
te amo

de novo,

o que
é vazio
para. Pre-

encher. Encher.
Ouvi palavras
e palavras cheias

de buracos
doendo. Fala
é a boca.

.(tradução: Régis Bonvicino)

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ALGUM LUGAR

Resolvi, eu
encontrei em minha vida
um centro e o finquei.

É a casa,
árvores além, um limite
de vista que a contorna.

O tempo
chega só como algum
vento, um pouco suspiro

amortecido. E
se a vida não fosse ?
quando algo estava para

acontecer, se eu o
tivesse fincado,
tivesse, insistente.

Nada existe que eu seja,
nada não. Um entre
lugar, eu sou. Sou

mais do que idéia, me-
nos do que idéia. Uma casa,
ventos, mas uma distância

- algo solto no vento,
sentindo o tempo como aquela vida,
anda para as luzes que ele deixou.

Régis Bonvicino e João Almino)

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ALGUNS ECOS

Alguns ecos
pequenas peças,
caindo, pó,

luz do sol, pela
janela, aos
olhos. Seus

cabelos enquanto
você, fio
a fio, a luz

atrás dos
olhos,
o que fica disso.

(tradução: Régis Bonvicino)

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LA

Milhas depois
na vigília,
dias esvaídos —

noites de sono pareciam
caindo
dentro de algum torpor -

matando-o,
pensando tolices,
pensando que o corpo

estava morrendo.
Então
você mudou isso.

(tradução: Régis Bonvicino)

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AMOR

Há palavras voluptuosas
como carne
em sua umidade,
seu calor.

Tangíveis, dizem
o ânimo,
o alívio,
de ser humano.

Não falar delas
torna todo
o desejo abstrato
e sua morte ao cabo.

(tradução: Régis Bonvicino)

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CANÇÃO

O que no corpo você esqueceu
e que deixou de lado
e que você não quer —

ou o que no corpo, você quer
e morreria por —
e pensa que isso basta —

se a vida é uma forma a ser esquecida
já que você partiu e sem remorso,
ninguém existe, no que você foi —

Este lugar vazio é tudo que há,
e/se o rosto é lembrado,
ou cão late, o leite do gato.

(tradução: Régis Bonvicino)

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FOCO

Retalhos do céu
cinza linhas

das árvores janela
recorta a

planta incli-
nada ao meio.

(tradução: Régis Bonvicino)

 

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