A Lume
Spento, 1908
Personae, 1909
Exultations, 1909
Provenca, 1910
Canzoni, 1911
Lustra and Other Poems, 1917
Quia Pauper Amavi, 1919
Umbra: Collected Poems, 1920
Cantos I-XVI, 1925
Cantos XVII-XXVII, 1928
A Draft of XXX Cantos, 1930
A Draft of Cantos XXXI-XLI, 1934
Homage to Sextus Propertius, 1934
The Fifth Decade of Cantos, 1937
Cantos LII-LXXI, 1940
The Pisan Cantos, 1948
Patria Mia, 1950
The Cantos, 1972
Gaudier Brzeska, 1916
Pavannes and Divisions, 1918
Instigations, 1920
Indiscretions, 1923
Antheil and the Treatise
on Harmony, 1924
Imaginary Letters, 1930
How To Read, 1931
Prolegomena: Volume I, 1932
ABC of Economics, 1933
Make It New, 1934
The ABC of Reading, 1934
Social Credit and Impact, 1935
Jefferson and/or Mussolini, 1935
Polite Essays, 1936
Digest of the Analects, 1937
Guide to Kulchur, 1938
What is Money For?, 1939
The Spirit of Romance, 1953
Literary Essays, 1954
Selected Prose: 1909-1965, 1973
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"Minhas
intenções eram boas, mas enganei-me na maneira de alcançá-las.
Fui um estúpido. O conhecimento me chegou
tarde demais...Muito tarde me
chegou a certeza de nada saber..." |
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ENVOI
(1919)
Vai, livro
natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz
Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.
Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.
(tradução de Augusto
de Campos)
E ASSIM EM NÍNIVE
"Sim! Sou um poeta e sobre minha tumba
Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas
E os homens, mirto, antes que a noite
Degole o dia com a espada escura.
"Veja! não cabe a mim
Nem a ti objetar,
Pois o costume é antigo
E aqui em Nínive já observei
Mais de um cantor passar e ir habitar
O horto sombrio onde ninguém perturba
Seu sono ou canto.
E mais de um cantou suas canções
Com mais arte e mais alma do que eu;
E mais de um agora sobrepassa
Com seu laurel de flores
Minha beleza combalida pelas ondas,
Mas eu sou poeta e sobre minha tumba
Todos os homens hão de espalhar pétalas de rosas
Antes que a noite mate a luz
Com sua espada azul.
"Não é, Ruaana, que eu soe mais alto
Ou mais doce que os outros. É que eu
Sou um Poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho."
(tradução de Augusto
de Campos)
SAUDAÇÃO
Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos
desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que
vestir.
(tradução
de Mário
Faustino)
SAUDAÇÃO SEGUNDA
Fostes louvados, meus livros,
porque eu acabara de
chegar do interior;
Eu estava atrasado vinte anos
e por isso
encontrastes um público preparado.
Não vos renego,
Não renegueis vossa
progênie.
Aqui estão eles sem rebuscados artifícios,
Aqui estão eles sem nada de arcaico.
Observai a irritação geral:
"Então é isto", dizem eles,
"o contra-senso
que esperamos
dos poetas?"
"Onde está o Pitoresco?"
"Onde a
vertigem da emoção?"
"Não ! O primeiro livro dele era melhor."
"Pobre
Coitado ! perdeu as ilusões."
Ide, pequenas canções nuas e impudentes,
Ide com um pé ligeiro !
(Ou com dois pés ligeiros, se quiserdes !)
Ide e dançai despudoradamente !
Ide com travessuras impertinentes !
Cumprimentai
os graves, os indigestos,
Saudai-os pondo a língua para fora.
Aqui estão vossos guisos, vossos confetti.
Ide ! rejuvenescei as coisas !
Rejuvenescei até The Spectator.
Ide com vaias e assobios !
Dançai a dança do phallus
contai anedotas de Cibele !
Falai da conduta indecorosa dos Deuses !
Levantai as saias das pudicas,
falai de seus joelhos e
tornozelos.
Mas sobretudo, ide às pessoas práticas -
Dizei-lhes que não trabalhais
e que viverei eternamente.
(tradução
de Mário
Faustino)
TENZONE
Será que as aceitarão ?
(i.é., estas canções).
como tímida fêmea perseguida por centauros
(ou por centuriões),
Elas já vão fugindo, urrando de terror.
Ficarão comovidos pelas verossimilitudes ?
Sua estupidez é
virgem, é inviolável.
Eu vos imploro, meus críticos amistosos,
Não saiais por aí procurando-me um público.
Deito-me com quem é livre em cima dos
penhascos;
os
recessos ocultos
Já têm ouvido o eco de meus calcanhares
na
frescura da luz
e na
escuridão.
(tradução
de Mário
Faustino)
CINO
Arre! Já celebrei mulheres em três cidades,
Mas é tudo a mesma coisa;
E cantarei ao sol.
Lábios, palavras, e lhes armamos armadilhas,
Sonhos, palavras, e são como jóias,
Estranhos bruxedos de velha divindade,
Corvos, noites, carícia:
E eis que não o são;
Já se tornaram almas de canção.
Olhos, sonhos, lábios, e a noite vai-se.
Em plena estrada, uma vez mais,
Elas não são.
Esquecidas, em suas torres, de nossa toada,
Uma vez por causa do vento, da revoada
Sonham rumo de nós e
Suspirando dizem, "Ah, se Cino,
Apaixonado Cino, o de olhos enrugados,
Alegre Cino, de riso rápido.
Cino ousado, Cino zombeteiro,
Frágil Cino, o mais
forte de seu clã bandoleiro
Que bate as velhas vias sob o sol,
Se Cino do alaúde aqui voltasse!"
Uma vez, duas vezes, um ano -
E vagamente assim se exprimem:
"Cino ?" "Oh, eh, Cino Polnesi
O cantor, não é dele que se trata ?"
"Ah, sim, passou uma vez por aqui,
Sujeito atrevido, mas...
(São todos a mesma coisa, esses vagabundos)
Peste! As canções eram dele ?
Ou cantava as dos outros ?
Mas e o senhor, Meu Senhor, como vai sua cidade ?"
Mas e senhor, "Meu Senhor", bá!
por piedade!
E todos os que eu conhecia estavam fora, Meu Senhor, e tu
Eras Cino-Sem-Terra, tal como eu sou,
O Sinistro.
Já celebrei mulheres em três cidades.
Mas é tudo a mesma coisa.
E cantarei do sol.
...eh?... a maioria delas tinha olhos cinzentos,
Mas é tudo a mesma coisa, e cantarei do sol.
"Pollo Phoibeu, panela velha, tu,
Glória da égide do Zeus do dia,
Escudo d'azul aço, o céu lá em cima
Tem por chefe tua rútila alegria!
Pollo Phoibeu, ao longo do caminho,
Faze do teu riso nossa chanson;
Que teu fulgor ofusque nossa dor,
E que o choro da chuva tombe sem som!
Buscando sempre o rastro recente
Rumo aos jardins do sol...
..............................................
Já celebrei mulheres em três cidades
Mas é tudo a mesma coisa.
E cantarei das aves alvas
Nas águas azuis do céu,
As nuvens, o borrifo de seu mar.
(tradução de Mário
Faustino)
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