FOTOAMAZONGRAFIA
A Amazônia tem sua visualidade marcada por grandes linhas de força como a natureza, as tribos indígenas e sua cultura, as manifestações de arte popular, a arte plumária, a cerâmica, as embarcações, as casas, os rios e as ruas. Uma visualidade agônica, temário de elegias, atravessando um permanente processo de descaracterização, pela entrada desse visual imposto pela cultura de massa, industriada na região pelo capitalismo englobante, que, além da padronização de efeitos visuais dados pelos novos materiais e pela eletrônica, inclui as largas solidões visuais das queimadas, após o rubro e o cinza do fogo e da fumaça. Um presente que existe como instância do fim, a cultura regional vive o signo da perda e a consciência dessa perda ainda é o que possibilita a reflexão capaz de reinstalar possíveis rumos alternativos ao processo da cultura local face a isso. A plasticidade visual da Amazônia, decorrente da criação de "artesãos" da cor, é um caso de dissonância face aos cânones estabelecidos como norma da pintura atual, pela ideologia dominante. Mais precisamente, trata-se de uma forma de distorção. O desenvolvimento de um processo criador em desacordo com os ideários estéticos em vigor. A impossibilidade de seu enquadramento nas correntes estéticas oriundas na ideologia dominante e às regras que por elas são formuladas ou impostas, configura a sua expressão como sinais manifestos de "distorções significativas das normas em vigor". Em relação a estas questões, é que este projeto fotográfico foi baseado, ou seja, tentar através dele resgatar toda essa cultura que corre o risco de desaparecer, ele nada mais é de que um registro da forma pela qual o homem amazônico relaciona-se com seu meio. TEMA
O tema das fotografias de Giancarlo Franco é a busca da relação homem amazônico com sua região, através das suas formas de grafismo, sejam eles pintura, escultura, manifestação de arte popular, a arte plumária, a cerâmica, as embarcações, os rios, as casas, etc.. ou seja como ele se expressa e que tipo de materiais ele usa para sua sobrevivência na região, há aqui uma preocupação com continuidade dessa manifestação e o instrumento para registrar isso, é a foto, com ela procuro compreender o cromatismo das "pinturas populares" (artísticas ou não) na Amazônia, renegociando a forma de olhar para elas. A foto evidencia a passagem de um povo que olha para seu meio e expressa através de sua escrita o seu universo, numa visualidade lírica, pois estabelece um acordo do homem da região com o mundo e do mundo consigo mesmo. Esta exposição marca o percurso traçado por cinco anos pelo fotógrafo, sendo ela a sua primeira individual. São fotos recentes, mas com um apuramento de algum tempo na mente do artista, uma busca sua para com as suas referências, mostrando como seu olhar observa a sua cidade, o seu povo. Fotoamazongrafia pretende mostrar pela primeira vez uma visão mais ampla do fotógrafo para o público, e através dela que ele pretende demonstrar o seu trabalho fotográfico acumulado ao longo do tempo.
Giancarlo Franco |