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Évora
Almas
– insurrectas almas –
calcinadas entre tijolos de
ex-corpos.
As caveiras sussurram
nós ossos que aqui estamos
pelos vossos esperamos
o visitante tatua-se
de assombramentos:
o poeta é o arqui(teto)
da língua
e constrói
: argamassa, tíbias, vírgulas
perónios e pecados.
Verão, 36° C:
suor nosso de purgatórios
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João
Piro |
No
canto da Nove com a Independência |
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Não
fora ele |
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pela
mandinga dos velhos |
ciganos
que por aqui passaram |
Não
estaria |
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a
ver tevês. |
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Assim
calado
feito em vontade de cantarolar
- fados, chorinhos e cantigas de roda |
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Homenagens
às sombras do sol
E aos dentes da lua. |
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O
Pêndulo
Já faz tempo
,amada,
que navegamos aos becos do sol.
Neles não hasteamos velas
não se mostravam bússolas e nem existíamos:
havíamos.
O sonho dos arcanjos
O beijo dos namorados viam
Teseu nos labirintos do sol.
Mas o que fazer se o céu é infeliz?
O que dizer das linhas -
Vias –
Que se plantam às mãos?
O meu
o teu
luar viam vícios de violinos.
Amar é verbo.
Gerúndio passivo
de infinitivos atos.
Por isso
,
amada,
acasalamos nossas bocas
nos labirintos do sol.
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Desejo:
o só
Ao,
Francisco Paulo Mendes, maestro
Uma caneta
um papel brando
uma tinta não tinteiro no
vaso de palavras
O branco na fala muda do tíbio mundo
"A
luta do poeta não é com o anjo".
Mas
com o verme
com(o)verso
com o verbo
Não há luta: labuta.
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Silente
Pra
Josse ,
verbo e cosmogonia
Palavras
engordam ou emagrecem a vida porque são.
Palavras.
Nem cor nem cheiro nem sabor: fonemassílabas
porque palavras.
Palavra, essa alardia, essa lavra, essa prava,
essa vala-comum que silencia mas repete:
gritographopherida em silêncio:
Psssiiiiuu!
Quero o ressurgir da vida
vez que
palavra é ereto pênis e vulvaouvido
recebendo,
pneumassêmen partindo o desespero,
é filho colando-se à boca do útero
teu.
Isto
é palavra.
E
fiat lux!
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