Quando escrevi este poema

Quando escrevi este poema
Dei férias à morte
Libélulas pousaram em meus ombros
A ausência era a concretude de relâmpagos
De Sol
 
Dormíamos todos resignados
Sobre fenos e sombras suaves
Chuvas de dias intermináveis

Lembro

A sintaxe
de ti
é sem lógica

teu verbo
é único
ubiquo

os sentidos
(todos)
se estruturam
pelo não sentido

és memória

Avesso

O acesso às coisas
é saber das coisas
..................às avessas.

Entre mangueiras

Entre mangueiras
meu anjo me diz
que logo logo vai chover
mas assevera: fica!

De repente o vento
e subtamente as mangueiras
tecendo seu tapete
de mangas no chão

meu anjo me sorri
e em meus andrajos
o paneiro na mão
vou recolhendo as frutas.

Poesia

A água canta
a memória dos peixes

nadar é voar
andar é viajar
ou deve

pois
já nascemos móbiles

ou tudo aqui é fingimento
espectro elidido, crepúsculo
inviolável

Ode à ex-musa

Eis que me sub
Meto
(meta)
ao fôlego do
teu capricho

mas fui indo
trôpego
por vozes
vezes ao descaminho

sabe lá o quão penar
Penélope fui
Sem nunca me aventurar
Senão apurar
Meu útero .
Pele e clitóris

Pois fui ao teu socorro
E me salvei
Sabendo ser capaz
De naufragar

Jorge Andrade
andradamente@yahoo.com.br
tel 55 91 3244 2882