Quando
escrevi este poema
Quando
escrevi este poema
Dei férias à morte
Libélulas pousaram em meus ombros
A ausência era a concretude de relâmpagos |
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Dormíamos
todos resignados
Sobre fenos e sombras suaves
Chuvas de dias intermináveis |
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Lembro
A
sintaxe
de ti
é sem lógica
teu
verbo
é único
ubiquo
os
sentidos
(todos)
se estruturam
pelo não sentido
és
memória |
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Avesso
O
acesso às coisas
é saber das coisas
..................às
avessas. |
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Entre
mangueiras
Entre
mangueiras
meu anjo me diz
que logo logo vai chover
mas assevera: fica!
De
repente o vento
e subtamente as mangueiras
tecendo seu tapete
de mangas no chão
meu
anjo me sorri
e em meus andrajos
o paneiro na mão
vou recolhendo as frutas. |
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Poesia
A
água canta
a memória dos peixes
nadar é voar
andar é viajar
ou deve
pois
já nascemos móbiles
ou tudo aqui é fingimento
espectro elidido, crepúsculo
inviolável |
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Ode
à ex-musa
Eis que me sub
Meto
(meta)
ao fôlego do
teu capricho
mas fui indo
trôpego
por vozes
vezes ao descaminho
sabe lá o quão penar
Penélope fui
Sem nunca me aventurar
Senão apurar
Meu útero .
Pele e clitóris
Pois fui ao teu socorro
E me salvei
Sabendo ser capaz
De naufragar |
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