Hiperpoezia Nº 2

À luz de Nietzsche e do Núcleo
entre docentes incultos
o Guamá reflete a cidade
inunda o Campus
enche de lixo o horizonte.

Tucunduba me reparte
água morta de sede
fosse possível enxergar à margem
índios submergidos de barro.

Atroz de Benedito
aponte do galo
se enxergue do charco
toda a miséria do bairro.

Poeticamente amalguamado.
.

Serenata

Se dos anjos Augusto rompesse Carlos
à luz de Mateus até Epitácio.

Uma criança ajoelhada
de costas para o espetáculo
o ânus lambuzado de cuspe
enquanto limpasse seu corpo com poemas sujos.

Oh!
a terrível lembrança do poeta dentro da casca.

Havia cocaína em mim
e flores entupindo a vala
e o palhaço de Eça batendo co’o pé no Evangelho.

.

Roberta

Te acostumo nesta balada remissiva
Como um buquê
Do meu pudor faço esta faca
Este fio invasor
esta bêbada semelhança...
.
Tua vértebra de ouro, tua vértebra, Roberta
o motor de ti
tua cabeça gloriosa despontando da paisagem
para mim
não para mim
só para mim...
.

Campina

O fedor de um perfume duradouro
exorbita a noite
contamina meu corpo à cata de versos.
depura mil vezes o outro.

Mas, oh! meu poeta
por que exala tanto
o poema que carregas no bojo?...
.

Falsete
a uma certa cantora

Pela ilusão do vestido, arcos e decotes
despeja-se a noite
(como a garganta tomada de súbito
pela voz da cantora)
naquela mulher
pelos desvios que a canção propõe
pelos desvãos
acordes dela
o tempo se esvaindo
e eu
sua abelha
minha rainha
apenas ouço
e vislumbro e provo do falsete em brasa.
.

Dand M.
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